eu adoro conversar. e, também, observar comportamentos. tanto os que tenho, na tentativa de entender o porquê de acontecem (faço Terapia Cognitivo Comportamental - uma abordagem que me ajuda ainda mais a olhar pra dentro nesse sentido). mas, também, gosto de ter esse olhar pras pessoas ao meu redor, especialmente em eventos que proporcionam um encontro com mais pessoas.
e, por mais que às vezes estamos mais introspectivos, quietos ou até sem vontade de puxar algum assunto ou ter conversas mais profundas - é pela troca com o outro que nos conectamos de verdade.
fui no “Encontro Conversativo” da JoutJout em Paraty e, pra além do que ela falou nessa vivência, entendi que nossas almas são alimentadas por pessoas, por trocas, por conversas.
tá bom que ela tomou a decisão de sair da internet há algum tempo e que fez escolhas que fizeram sentido pra ela e pra sua trajetória pessoal. mas… segundo ela, ela “se repreencheu de coisas pra falar” e proporcionou o que chamou de “Encontro Conversativo” - sem roteiro, sem pauta, sem script, sem câmera ou celulares. microfones liberados, algumas perguntas anotadas, pensamentos correndo solto em 150 pessoas sentadas em um espaço aconchegante (e gelado, ar condicionado no talo!) em Paraty.
e, por mais que JoutJout tenha soltado frases de efeito, tenha contado suas experiências e tenha me feito refletir muito - observei (até demais) os comportamentos dos outros participantes que dividiam essa experiência comigo: muitos estavam ansiosos por falar com ela.
seja por reforçar algo que foi dito em um vídeo específico. seja por dizer que estão de acordo com alguma fala que ela acabou de falar. seja por compartilharem suas próprias experiências e que, em um dado momento, se cruzam com algo que ela compartilhou de si. seja por perguntarem algo que gostariam da opinião dela.
mais desesperados para falar sobre si do que até mesmo, reparei eu, para ouvi-la - em alguns momentos. claro que ela falou boas frases, suas experiências, seus pensamentos - foram 3 horas de papo. falou e divagou, e falou mais. mas… me pareceu que a ansiedade por esse encontro era tanta que, a vontade de ouvir de alguém que protagonizou esse momento acabou sendo reduzida por diversas pessoas ali que queriam f a l a r.
o fato é: quando se trata de relações, a conversa nos une, nos preenche, nos alimenta. ela ficou fora da internet, se refugiu no seu cantinho (em seilá onde!), mas resolveu proporcionar esse momento de troca. e incentivar isso!
voltei com um caderninho cheio de pensamentos, frases, reflexões e, assim como sugestão dada por ela, quero poder experienciar tomar cafés com pessoas para conversar olho no olho sobre tudo - o que vi, refleti, ouvi, o que pensei e o que fez sentido dentro de mim.
levar pra terapia é uma boa, também!
tudo isso vem de encontro com uma vontade e necessidade que venho sentido há um tempo: estimular e vivenciar conversas que acrescentam. pra além de dar risadas sobre memes da internet, mas sim comentar experiências, leituras, filmes e séries que geraram aprendizados. dividir a vida no offline mesmo, em uma cafeteria, na sala de alguma casa.
saber sobre as pessoas que convivemos vai muito além das fotos que vemos em redes sociais ou das poucas palavras que trocamos no whatsapp.
conversar envolve menos distrações e mais assuntos - variados, produtivos, aleatórios ou até divagantes. envolve questionar a vida, conhecer gostos pessoais, descobrir sonhos e aventuras à frente e, até mesmo, compartilhar perrengues.
encontros conversativos são importantes, necessários e urgentes pra que as relações floresçam e marquem a nossa memória - e vida.